segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mais fragmentos de mim

Estou em processo de mudança. Mudança de casa, a minha ficou pronta, mas acima de tudo, mudança de vida. Eu que sempre achei legal ser complicada e despedaçada, mais uma vez estou tentando me reconstruir, criar uma nova imagem de mim mesma que me permita ser menos complexa mas mais feliz. Não sei aonde essa estrada vai me levar, pode ser que a felicidade eterna ou a um tombo ainda maior, mas preciso me dar uma chance: minha maturidade pede compreensão, pede paz, pede aconchego. E é isso que eu quero: que pessoas amadas em quem me aconchegar.
Quero dias de chuva sob os edredons novos, mas também quero manhãs de domingo no parque. Todo dia eu mudo, e a cada dia procuro um equilíbrio que não pode me ser dado por outras pessoas, mas que eu também não conseguiria encontrar sozinha.
Hoje, é dia de limpeza: estou limpando meu email, e também a minha vida, deletando fantasmas, antigos relacionamentos, palavras que já significaram muito pra mim, mas que sempre foram vazias, mesmo quando escritas com tanto sentimento. Estou também me limpando, quero mais do que nunca a chance de ser feliz, o que só vou ter quando parar de querer só o que já passou. Deletar emails é uma metáfora, a parte mais fácil, mas é assim que eu consegui começar. Antes de me condenar, espero que tentem me compreender.


"Quem me dera amarrar meu amor quase um mês
Mas escuta o que dizem as pedras do cais
Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto
Transbordava a baía com todas as forças navais
Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas
Volta não, segue em paz..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fragmentos da minha infância

Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
Voou, voou, voou, voou
E a menina que gostava tanto do bichinho
Chorou, chorou, chorou, chorou

Sabiá fugiu do terreiro,
Foi cantar no abacateiro
E a menina pôs-se a cantar
Vem cá, sabiá, vem cá

A menina diz soluçando,
Sabiá estou te esperando,
Sabiá responde de lá,
Não chore que eu vou voltar...


Outras das minhas cantigas de ninar.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fragmentos da minha infância



- ”Vamo” apanhar as conchinhas, na praia junto do mar.
- Mamãe é muito assustada, e não nos deixa brincar.
- Pois então eu irei sozinha, brincar sozinha também, sou forte, sou corajosa, não obedeço ninguém.
Lá foi a louquinha correndo, pra praia, junto do mar.
A pobre mãe ficou triste, sentou-se, pôs-se a chorar.
De manhã, por sobre as ondas, boiava morta a filhinha
Tomai exemplo, criança, dessa infeliz coitadinha!

Corruptela  de uma poesia famosa embora anônima, que minha mãe me cantava para ninar, e antes a mãe dela cantou.