segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Controlo o calendário sem utilizar as mãos.


Uma das frases mais emblemáticas da “MPB”. O que será que o saudoso Buchecha quis dizer com ela? Eu não sei, mas sou obrigada a admitir que nem com as duas mãos consigo controlar um calendário. Sério, eu não sei até hoje direito que dia é o aniversário do meu irmão mais novo – que tem 12 anos? Ou será 11? - e também não consigo guardar a data de nascimento de nenhuma das minhas irmãs. Sempre que me perguntam a idade delas, tenho que fazer uma “contagem regressiva” tipo... eu tenho 24, a Nany três a menos, a Lala, ah, deve tá com 17 e a Rá... três a menos que ela? Não, eu fui na festa de 15 anos delas, então deve ser só menos dois...


Enfim, é assim com tudo: só guardei o aniversário de namoro porque né, 5 anos e tal, mas mesmo assim, na maior parte dos meses, eu só lembro dois dias antes e um depois, ou depois que a gente foi dormir, ou depois que o Junior me lembra. Nada romântico, admito, mas fazer o que?!


Tem gente que eu conheço, que sabe dia que conheceu o primeiro namorado, quando perdeu a virgindade, primeiro beijo, o primeiro sorvete que tomou junto com o namoradinho da primeira série e diabo-a-quatro. Admiro, mas confesso que eu pra saber quando beijei a primeira vez na boca tenho que pensar na escola, em que série eu estava e o que estava estudando. Parece mentira? Meu primeiro namoradinho (platônico) eu estava na quinta-série e estudava o verb to be na aula de inglês, o primeiro namorado me lembra a sétima série e a professora de português analisando “Tempo perdido” do Legião Urbana. Engraçado né?! Tudo é um questão de aulas, conteúdos, minha memória é fotográfica, eu lembro de lugares onde as pessoas estavam, embora não consiga lembrar do que conversávamos. (Eis que agora, escrevendo aqui, tive uma ideia: vou fazer um calendário grandão e decorar as posições, quem sabe assim não esqueço do aniversário de ninguém importante). 
Por que falar isso tudo? É a primeira vez na minha vida que eu estou contando os dias e não esquecendo de jeito nenhum: dia 10 de março eu saio de férias, as primeiras desde que comecei a trabalhar. E e estou literalmente, riscando o calendário, que nem preso prestes a ser solto.


Nunca antes na história desse país, uma pessoa esperou tão ansiosamente por dez dias, meus queridos. Quem conhece mais músicas sobre calendário?!

"Eu sigo o calendário maia
E sou descendente dos astecas
Hoje vai ter prova
Mas no final da aula
Acho que tem futebol
Gosto quando estou feliz
Gosto quando sorris para mim
Estou longe, longe
Estou em outra estação"
 (Legião Urbana)


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O segredo de Emma Corrigan - Sophie Kinsella


Todo mundo tem segredos. Alguns, possuem enormes pesos na consciência como a morte de alguém ou um crime perfeito, outros, apenas pequenas coisinhas que gostam de manter pra sí mesmo, como o próprio peso ou aquele momento absolutamente embaraçante de que nem você mesmo gosta de lembrar. Agora, o que aconteceria se existisse alguém que conhecesse todos os seus segredos, desde os mais pífios aos piores sentimentos que você já teve? Bom, pode surgir entre vocês ódio, pena ou, como é o caso do livro “O segredo de Emma Corrigan”, da Sophia Kinsella, amor. Emma se parece muito com uma Bridgett Jones, para mim o exemplo clássico de mulher na beira dos trinta, acima do peso, um pouco fútil embora não queira demonstrar, com relacionamentos frustrados ou codependentes e um humor ácido quando se trata da própria vida. Eis que Emma morre de medo de aviões, e em uma viagem ao negócio pega em uma grande turbulência, acha que vai morrer e, literalmente, despeja todos os seus segredo no desconhecido passageiro ao lado. Só que o avião não cai, e o passageiro qualquer é na verdade o dono da empresa em que Emma trabalha. E um mocinho de primeira: rico, atencioso, bem-humorado e persistente. Gente, fazia tempos que eu não ria tanto lendo um livro – muitas vezes de vergonha alheia. Recomendo a todo mundo, depois me contem o que acharam! Um trechinho pra dar água na boca:


“Meu Deus, a calcinha está realmente desconfortável. Puxa, fio-dental nunca é muito confortável, na melhor das hipóteses, mas este está particularmente ruim. Deve ser porque é dois números menor do que deveria. Com certeza porque Connor comprou pra mim, dizendo à vendedora que eu pesava 56 quilos. Ela concluiu que meu número devia ser 38. Trinta e oito! (Francamente, acho que ela estava sendo má. A vendedora devia saber que eu estava cascateando.)

De modo que é noite de Natal, nós estamos trocando presentes, e eu desembrulho uma linda calcinha cor-de-rosa. Tamanho 38. E basicamente tenho duas opções.


A: confesso a verdade: “Ela é pequena demais, eu sou tipo 42, e, por sinal, não peso mesmo 56 quilos.” Ou...

B: Me enfio nela nem que tenha de usar calçadeiras.

Na verdade ficou boa. Mal dá para ver as linhas vermelhas na pele depois. E isso significou que eu precisei cortar todas as etiquetas das minhas roupas para Connor nunca ficar sabendo. Não preciso dizer que desde então eu praticamente nunca usei essa calcinha. Mas de vez em quando olho para ela, tão lindinha e cara na gaveta, e penso: ah, qual é, não pode ser tão apertada assim, e de algum modo consigo me enfiar nela. E foi o que fiz hoje cedo. Até decidi que devia ter perdido peso, porque a sensação não era tão ruim.

Sou uma imbecil iludida. ”

Got a secret, can you keep it? ;)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Novas páginas


Eu nunca fui especialmente boa em nada. Não, não estou me fazendo de vítima, só constatando um fato. Não sei dançar, nunca fui boa em esportes, minhas voz é particularmente esganiçada -o que me impede de cantar. Não sei tocar nenhum instrumento musical, me esforço para aprender porém sou péssima com idiomas, não sei pintar, bordar ou fazer crochê. Também não sou nenhum tipo de gênio da matemática e male-má consigo formatar um texto no computador. Em um mundo cheio de dons, eu acho que ainda não descobri o meu, em um universo vasto de hobbies, o meus sempre foi o mais simples, e bem adequado à minha personalidade: ler. 
Ler é praticamente meu mundo, é o meu estilo de vida: quando começo a ler, uma sala cheia desaparece e você pode falar o quanto quiser - dificilmente eu vou te ouvir. Não sei como exatamente começou essa paixão, provavelmente é culpa da minha mãe, outra leitora voraz e que sempre me estimulou, mas o fato é que aprendi a ler com três anos e nunca mais parei. Prefiro passar o fim-de-semana deitada lendo um livro do que ir para balada, sair com os amigos ou qualquer outra coisa que vocês possam imaginar.
Sempre ouço que " a Mayara lê até bula de remédio" e é verdade, - talvez por causa da minha hipocondria, mas não vem ao caso - porém agora, resolvi fazer do meu hobbie um projeto de vida: comprei o livro 1001 livros para ler antes de morrer, editado pelo Peter Boxall e criei um blog novo, para acompanhar minhas leituras. Não esperem análises literárias brilhantes, nem nada disso, mas com certeza poderão contar com comentários de uma leitora sincera. 
Não vou deixar de escrever por aqui, porque nem só de literatura vive o homem, embora com ela, viva bem melhor. Espero você por lá :)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pequenos prazeres



Quanto mais eu vivo, mais me convenço de que a beleza da vida e a felicidade se encontram em prazeres pequenos, aquelas simples coisas de que nós até esquecemos que gostamos, perdidas no dia-a-dia, no trabalho, no cansaço, no tédio. Para tentar me lembrar sempre, estou tentando fazer uma lista só de pequenas coisas que me tragam sorrisos e momentos de paz, e convido vocês a complementarem com os seus prazeres favoritos:

- Comer brigadeiro de colher
- Descobrir formar nas nuvens
- Tirar os sapatos depois de andar no Sol quente o dia todo
- Jogar água na frigideira quente
- Dormir pelada embaixo do edredom
- Pisar em folhas secas
- Lamber a tampinha metálica do iogurte
- Estourar plástico bolha
- Sentir o vento forte quando está calor
- Lamber os dedos quando se sujam com alguma coisa gostosa
- Apertar o meio da pasta de dente
- Andar descalça
- Escrever em vidro embaçado
- Sentir cheiro de café

- Ir ao banheiro depois de ficar muito tempo "apertada"
- Primeiro dia de horário de verão (só o primeiro mesmo!)
- Acomodada entre lençóis limpos, ouvir a chuva bater na janela sem ter hora pra levantar

A imagem que ilustra ao post é do maravilho filme de Jean Pierre Jeunet, "O Fabuloso destino de Amélie Poulain". Volto depois pra contar mais dele pra vocês :)


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um bom dia!



O que é um bom dia para você? Eu estive pensando muito sobre isso no fim de semana. No sábado eu não fui na festa, não vi os amigos, passei o dia todo cuidando da casa, de mim e do namorido, e no entanto, posso afirmar que eu tive um bom dia: lavar a roupa, comprar umas coisinhas que estavam faltando, fazer feira, nada demais sabe? Mas como é gostosa a sensação de cuidar do que é nosso!
Ontem então, um domingo completamente despretensioso mas que foi um daqueles dias pra gente guardar na memória: comida farta, bebida gelada, piscina fresquinha, céu azul, família reunida, papo interessante - tudo o que eu preciso pra ser feliz num único lugar, num único dia. 
Às vezes eu penso que é difícil pra mim conviver com outras pessoas exatamente por a minha família ser especial como é: excêntrica, divertida e amorosa, daquelas famílias que a gente vê em filme e acha que é piada mas no fundo se identifica, sabe? Eu duvido que exista programa mais legal do que passar um tempo com os meus irmãos, ou conversar com a minha mãe, ou mesmo ouvir as piadinhas de 1900-e-guaraná-com-rolha do marido dela. Não teve nada de excepcional no meu dia e talvez por isso ele tenha sido tão especial. 
O meu amigo Bruno sempre fala que o melhor dia da vida dele foi o dia da formatura, ele sabe disso, pronto, sabe? Eu nunca consegui escolher um dia pra ser assim, o perfeito, tenho uma sequência deles, diversos fragmentos de cores diferentes, mas que formam um caleidoscópio bonito e agradável de se olhar. 

E você? Tem um dia favorito?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vivendo dia-a-dia.


Rotina. Do Francês routine, “trilha batida, curso costumeiro de ação”. Palavra carregada de sentimentos negativos, usada geralmente para exprimir impaciência e desgosto pela vida cotidiana, pela necessidade de se manter determinados padrões de comportamento e ação na maior parte do tempo. 
Eu me apaixonei pela rotina. Ando pensando que a maior parte das pessoas não está desgostosa com a rotina, mas com a vida em si. Explico: se você gosta da maneira como vive, das coisas que faz, do seu trabalho, uma rotina é só um esquema de repetir coisas que você faz com prazer, ou seja, uma maneira de organizar seus prazeres. Agora, se você vive fazendo o que não gosta, se forçando a determinadas situações e atividades que não te fazem bem, é natural se desesperar ao perceber que a vida vai ser uma sequência interminável daquelas coisas.
Eu costumava repetir várias e várias vezes para um tio, de forma que virou uma brincadeira nossa e um bordão meu, e que na verdade exprimia a angústia que eu sentia com relação a ter que levantar todos os dias no mesmo horário, trabalhar e almoçar no mesmo horário... : "Será que minha vida vai ser sempre assim, esperando desesperadamente a sexta-feira?". Ele sempre responde que é o que todo mundo faz, espera a sexta-feira.
Hoje estou numa fase boa em que nada mudou, mas eu mudei: estabeleci uma rotina que eu acho agradável. Acordo dez minutos mais cedo, tomo café com calma, banho pra relaxar e trabalho quando tenho o que fazer, sem transformar o trabalho na minha vida,  deixando que ela aconteça nas estrelinhas  entre um livro, um pensamento ou um texto escrito. 
A minha vida mesmo, começa às 17:00 horas quando eu ligo a música alta, faço comidinha pro namorido, tomo banho junto com ele, descubro como foi o seu dia. É à partir das 17:00 horas que eu recarrego as baterias, converso sobre o dia, fazemos planos juntos, assistimos filmes (cada dia um escolhe, uma outra rotina boa) e por fim dormimos um nos braços do outro.
Assim, aproveito ao  máximo a rotina caseira e tranquila que nós criamos, a semana passa mais rápido e eu não preciso da sexta feira pra ficar bem, embora nela eu fique melhor.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Andei ouvindo a minha música interior


"Mas quando o Espírito Santo controla nossa vida, produzirá os seguintes frutos em nós: amor, alegria, paz, paciência, gentileza, bondade, delicadeza e autocontrole."
(Gálatas, 5:22)



Eu adoro o Nicholas Sparks. Sério, me crucifiquem, eu sou uma pessoa romântica, e adoro o Nicholas Sparks, muito embora não consiga casar suas palavras, com a pessoa musculosa que aparece na contracapa de seus livros. Eu adoro os livros, e adoro a pessoa que imagino que ele seja: alguém apaixonado pela esposa e pelos cinco filhos, a ponto de dar seus nomes aos seus personagens principais, e também alguém que consegue casar a delicadeza e a esperança presente em suas estórias, com uma faixa preta de Tae Kwon Do. Eu já havia assistido e lido “Querido John”, depois assisti “A última música” e nesse fim de semana acabei de ler o livro: amei. Preciso dizer, embora isso soe até como um clichê, que o livro é mil vezes melhor que o filme, já que a adaptação nunca mantém a história original e nem a mesma densidade. 
Trata-se da história de Ronnie Miller, uma adolescente pseudo revoltada com o divórcio e o suposto abandono do seu pai pianista, que é obrigada pela mãe a passar suas férias de verão em Wrightsville, na Carolina do Norte, na casa de seu pai, Steve Miller . Ao contrário de sua mãe, que responde à sua rebeldia com gritos, castigos e ameaças, Ronnie começa a perceber que seu pai parece mais receptivo e equilibrado, além de mais compreensivo. O livro ainda se norteia pela relação de Ronnie com Will, um garoto nativo, com seus pŕoprios problemas pessoas mais que é o arquétipo do bom menino: trabalha, faz trabalho voluntário, é doce, fiel e rico. Que quer mais? A história em si é muito bonito, e eu tenho que confessar que chorei baldes, como é de praxe ao ler qualquer livro do Sparks. 
É interessante que “A última música” não é como “Querido John”, cheio de frases de impacto as quais eu poderia citar aqui (logo vou postar sobre isso também): o que sustenta o livro, na minha modesta opinião, é Steve Miller, com sua busca pela fé, seu coração generoso, sua inata compreensão e o amor que demonstra tanto pelos filhos, quanto pela ex-mulher que o traiu, mas a que nunca culpou. Isso, ou talvez eu só tenha me impressionado por ele pois ele representa o que eu gostaria de ser, nesse momento particular da minha vida: as pessoas que me conhecem talvez não acreditem ou não compreendam, mas tenho cada vez mais tentado viver pelos preceitos expostos no versículo da bíblia com o qual comecei esse texto. Refletindo muito, cheguei a conclusão, talvez um pouco óbvia, de que só com paciência, caridade e bons propósitos é possível ser feliz, e talvez por isso esse minha fascinação pelo livro: ele me leva a pensar que é possível viver para o bem, e ser recompensado com tranquilidade, temperança e alegria genuína. Esperemos que sim.


P.s: Clique aqui para baixar o livro.
Língua: Português
Formato: .rar
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