segunda-feira, 11 de julho de 2011

When you play, you win or you die...

"Você acha que minha vida é algo precioso para mim? Que eu trocaria a minha honra por mais alguns anos de ... de quê? Você cresceu com os atores. Você aprendeu seu ofício e que aprendeu muito bem. Mas eu cresci com os soldados. Eu aprendi a morrer há muito tempo. " (Lorde Eddard Stark)


Honra. Conceito mais do que abstrato, como definir quais situações são honoráveis? Quando a gente lê romances históricos, é sempre bem claro o que deve guiar o protagonista: sexo com virgem – a honra exige casamento; dívida de jogos - a honra exige pagamento (mesmo que a mesma não exija que se pague o padeiro); ofensa à mulher amada se resgata com um duelo. Ou seja, existe todo um código de conduta que guia as pessoas e faz com que elas façam “a coisa certa”. Porém, no dia a dia, seguir esse código cegamente pode levar a fazer coisas estúpidas ou perigosas – como morrer por um ideal e depois descobrir que ele sempre foi falacioso – sabe como é, todo ídolo tem pés de barro. Às vezes, eu queria que houvesse um código atual, regrando nossa vida: livre arbítrio está muito bem, mas às vezes é difícil demais descobrir o caminho correto, qual lado é o bom, já que todos parecem ruins. Hoje, no entanto, não vou falar das minhas dúvidas, quero compartilhar com vocês uma das minhas mais novas paixões: Game of Thrones. A série da HBO, baseada nos livros de George R. Martin, não a mais nova febre, sendo que o autor já foi comparado ao Tolkien, o que lhe dá certa garbosidade. Eu ainda não li aos livros - devo começar assim que acabar esse post – mas a série é encantadora, e suscita um debate legal sobre o que é honra e o que ela exige. Temas como amor, família e honra estão tão entrelaçados na série que é quase impossível definir onde um acaba e outro começa. A respeito, uma frase do Aemon Targaryen é emblemática, e me fez querer escrever aqui no blog sobre a série: "Todos nós fazemos o nosso dever quando não há custo para isso. Honra vem fácil, então. No entanto, mais cedo ou mais tarde, na vida de cada homem, chega um dia em que não é fácil. Um dia, quando ele deve escolher. " Ele, no caso, está falando de escolher entre uma promessa feita, e o caminho para onde o coração te leva, ou, em outras palvras, entre honra e família. Os primeiros episódios giraram em torno de de Eddard, o Lorde Stark, e aonde sua honra o leva – sem spoilers é difícil, mas para não desobedecer ao rei e manter sua integridade inctacta, ele faz escolhas difíceis e perigosas, e em certo momento, nos faz desejar que ele fosse menos honrado e mais inteligente. Foi aí que eu me peguei divagando: será que eu escolheria um ideal acima da minha vida? Vale a pena morrer por algo que é tão subjetivo e perecível quanto a honra? Estamos mortos não temos oportunidade de efetivamente mudar nada, mas vale a pena viver se sentindo prostituído, vendido? No fim, Lorde Stark abriu mão de sua honra – embora acabe morrendo por ela de qualquer forma- não pela sua vida, mas pela sua família. Essas e outras questões, eu espero que vocês respondam para mim!
Para ler os livros clique aqui, aqui e aqui.
Para baixar a série, clique aqui.

terça-feira, 5 de julho de 2011

E esse chão, esse mar.



Os anos voam, as horas se arrastam, e a gente nem percebe que mudou. Hoje, percebi que grande parte da melancolia que era parte intrínseca de mim desapareceu. Leio Florbela Espanca, e continuo a admirando muito, mas não faz mais sentido. Se antes, eu me via como alguém perdida e condenada à infelicidade, essa pessoa se foi, talvez com as horas de trabalho, com a falta de tempo para a solidão ou com a certeza do amor constante e calmo. Não ando tendo arroubos de lágrimas, e evito emoções extremas: acho que, assim como uma plantinha, a dor, se a gente para de regar, deixa de crescer. Antes, talvez, eu achasse que era a tristeza ou a suposta profundidade que me diferenciava das outras pessoas, agora, acho que descobri que não existe nada demais em ser igual. Talvez eu nunca vá ser “normal” no sentido estrito da palavra, mas consegui conter aquela ânsia de não-sei-o-quê e aos poucos, me sinto cada vez mais equilibrada. Pode ser que isso me custe uma parte, mas não vai custar quem eu sou: ser infeliz, assim como ser feliz, é no fundo uma questão de escolha. Eu tenho tentado escolher alimentar o futuro e matar a nostalgia de fome, nutrir de amizade a minha família ao invés de colegas desconsiderados, ler mais, assistir mais filmes, estudar mais, me focar mais. No fim, aos vinte quatro anos, descobri que o tempo passa muito rápido, e eu ainda quero fazer muitas coisas, então devo fluir como o tempo: constante, firme, inerente. Cansei das trevas, quero é ser luz: ser amor, paciência e benignidade. Acima de tudo, eu quero é me reconhecer nas palavras e situações da minha vida, chega de teatro ou drama, estou cansada de encenar papéis e vejo agora que ao invés ser menina de olhos tristes eu quero ser uma garotinha de comercial de bolachas: risonha, confiante e apegada à vida. Se me faltar profundidade, sinto muito, mas não me adiantaria de nada ser profunda como o chão do mar e ser com ele arrastado pelas ondas...