sábado, 12 de janeiro de 2013

Sobre dores e crescer

Vocês já se lembraram de coisas que vocês esqueceram que alguma vez gostaram? Vive me acontecendo isso. De repente, em uma conversa, lembro de um filme que eu amei há anos e nunca mais reassisti. Ou ouço uma música cuja letra eu sei de cor, com a qual minha cabeça balança eu me fez ter vontade de dançar e eu nem lembrava que existia. Creio que são retratos das pessoas que eu fui ao longo dos anos. Como é estranho perceber o quanto a gente muda! 
É engraçado como eu ando obcecada com esse tema: o tempo. Nos últimos meses eu entro e saio do assunto, tentando entender quais escolhas me transformaram na pessoa que eu sou hoje, e perceber se eu gostaria de ser diferente. Não sei aonde ouvi esses dias, (ou será que vi no facebook?) a criança que você foi ficaria orgulhosa do adulto que você se tornou? Honestamente? Acho que a criança, sim. Talvez não a adolescente cheia de revolta e certeza de saber como os outros deveriam viver, mas a criança inteligente, meiga e sabe-tudo que eu fui me entenderia, e por isso, tenho tentado me reconciliar comigo mesmo, com todas as suposições que eu fiz sobre a minha própria vida e sobre a o que ela virou quando a realidade se impôs. Uma vez por semana eu tenho vontade de sair correndo, de não precsar pensar, cozinhar ou pagar as contas: eu quis tanto crescer e hoje só queria ser criança de novo. Esses dias passei horas pensando em umas férias específicas quando eu tinha uns catorze anos em que eu aluguei umas 10 fitas vhs e fiquei dias trancada no quarto, embaixo dos cobertores, só saindo para comer porcarias, sem querer encontrar ninguém. às vezes, meu equilíbrio é assim frágil, depende do silêncio e da solidão. Hoje cismei com a época em que quando eu tinha cólicas muito fortes simplesmente ficava deitada, de bruços, até a dor passar, só pensando...
Às  vezes queria poder fazer isso de novo: ficar deitada só esperando a dor passar. Mas a realidade me chama, e eu tomo pílulas que curam meu útero mas atacam meu estômago.  O trabalho precisa ser feito. O mundo não pára para que eu me cure.

3 comentários:

AnaCristina disse...

eu tambem queria tanto crescer....fiquei tão obcecada e preocupada querendo crescer achando que as preocupações sumiriam...coitadinha rsrs

Anônimo disse...

Muito lindo o que vc escreveu Mayara. Meu "crescimento" tb tem sido dolorido. Se pudesse escolher seria uma eterna criança. Nada de preocupações, de metas para cumprir, contas pra pagar...Queria apenas viver (no sentido mais pleno da palavra).

OBS: Já faz um tempinho que leio seu blog. Gosto dos seus escritos e reflexões. Hj fiquei com com vontade de te deixar um recadinho rsrs. Abraço grande

Liliane

Adelaide Araçai disse...

Ah! Eu também tenho isso e vou te confessar nos últimos anos (2 décadas) eu fujo para o calçadão da rua XV de novembro (em Curitiba) e fico andando de um lado para o outro por horas a fio, até me desestressar. Sou avessa a solidão, por isso escolhi ali como o meu recanto. Ali "ficava" sozinha porém, rodeada de gente. Depois que mudei de Curitiba, o calçadão virou ponto de encontro, nunca mais consegui andar sem encontrar alguém conhecido que me aborde...

Muita Luz e Paz
Abraços